Ao se rasgar
o véu do templo, Jesus abre as portas do Céu. Desce à mansão dos mortos e
resgata os que vieram antes d´Ele e os que virão após. Todos aqueles que
esperavam a Salvação até a encarnação do Cristo entre nós. Todas as gerações
anteriores a posteriores já estão, de uma vez por todas, fazendo parte do
projeto de Redenção.
Extraímos
uma parte do Ofício das Leituras, da Liturgia das Horas, secular rito diário da
Igreja Católica. É parte de uma Homilia do Século IV, do Grande Sábado Santo:
Com o sono
de Deus, por terem silenciado o Cristo com a Cruz, os adormecidos pela mácula
do pecado são despertados. O Catecismo da Igreja Católica (CIC 25) nos explica
que essa mansão dos mortos nada mais
é do que o “estado de todos aqueles mortos antes de Cristo.” Jesus, então
liberta os justos que estavam à espera do Redentor. Na mesma homilia, talvez a
mais linda interpretação desta expressão de Amor, olhem essas comparações:
“Adormeci na cruz e por tua causa a lança
penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu
lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha
lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.”
Não é só uma
questão poética que, claro, é igualmente linda. Ele vai à mansão dos mortos,
por primeiro, ao próprio Adão. E conversa com ele (o primeiro e a essência de
nós antes do Cristo): “A lança penetrou no meu lado como Eva no teu.” Há uma
sensação de ter sido extraído do Paraíso por causa de Eva. E isso era, na
morada dos mortos, causa de ira de Adão contra ela e, por consequência, contra
si mesmo. “Meu lado curou a dor do teu lado.”
Como Eva, no
Gênesis, surgiu do sono de Adão, Jesus o encontra e o chama à morada Celeste: “Meu sono vai arrancar-te do sono da morte.”
“Levanta-te,
vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te
coloco no paraíso mas num trono celeste.”
Ele, o
próprio Deus feito homem igual a nós em tudo, exceto no pecado, pois é o
próprio cordeiro imolado, nos chama para além das nossas mansões dos mortos
pessoais. Em qual imensidão de mortes nos deixamos cair, abater? Que tipo de
silêncio, de dormência estamos nos deixando morrer aos poucos? Será que eu vou
continuar a ir à missa e à “mansão das minhas mortes” ao mesmo tempo?
O próprio
Cristo foi aos confins dos tempos resgatar Adão – a primeira ovelha desgarrada.
Ele HOJE vem a nós, olho no olho, e diz: “Levanta-te,
vamos daqui!” Aqui não é o teu lugar. “já não
te coloco no paraíso, mas num trono celeste.”
Fomos feitos para a eternidade dos tempos e para caminharmos
com Ele nos campos do Céu. Jesus Cristo não foi à mansão dos mortos para que nós
permaneçamos no mesmo lugar, do mesmo jeito.
Nesta Páscoa vamos despertar, juntos, com Ele!
ACORDA! É A PASSAGEM DA MORTE À
MANSÃO DA VIDA! A PÁSCOA DO SENHOR!
Pois o Bom Pastor não desiste de nós!
João Madruga (Pré-discipulando Missão-RJ)