Pe. Maikel Herold
Arquidiocese de Porto Alegre (RS)
Arquidiocese de Porto Alegre (RS)
Todos os anos o cristão, e católico de maneira especial, é chamado a renovar seu compromisso batismal durante o tempo da quaresma. Ou seja, ele é chamado, a partir de um programa de vida que inclui a oração, a penitência e a caridade, a buscar uma conversão de vida, de maneira que ele possa fortalecer sua fé e sua ação no mundo, na luta contra o mal, configurando-se ainda mais a Cristo.
Pois dentro deste espírito de conversão particular, a Igreja no Brasil propõem há 48 anos, além do chamado ordinário da Quaresma, uma busca por uma conversão eclesial ou seja, uma proposta que abarque não somente a pessoa de maneira individual, mas comunitária a partir de uma reflexão da realidade social, a fim de que as ações quaresmais possam transformar a forma de agir da sociedade como um todo. Este projeto se chama “Campanha da Fraternidade”.
Desde 1964, muitos foram os temas que ajudaram o povo cristão no Brasil a refletir e rezar a Quaresma, dentro de um espírito que impulsionasse uma conversão comunitária e social. No início estava mais imbuída de uma renovação interna da própria Igreja. Depois da década de 70 a reflexão passou a ser mais para o pecado social e a realidade do povo brasileiro, num intuito de que as ações do povo católico pudessem contribuir para a transformação da sociedade brasileira. A partir do jubileu do ano 2000, a Campanha passou a ser ecumênica a cada 5 anos, o que aconteceu ainda em 2005 e 2010.
Neste ano de 2012, os bispos do Brasil propuseram uma reflexão do Evangelho a partir da realidade da saúde pública, tendo em vista que este tema está entre os principais problemas que afligem o povo brasileiro. Na verdade a Igreja no Brasil quer refletir sobre 3 ângulos:
1) A realidade da saúde pública no Brasil, os motivos e as causas dos problemas;
2) As conquistas e o fortalecimento da saúde Pública no Brasil, de maneira especial o Sistema Único de Saúde (SUS);
3) Alertar a população a ter hábitos de vida saudáveis.
Além disto, cabe difundir uma cultura solidária para com o doente, sendo um sinal da misericordiosa presença de Deus no meio deles, buscando uma humanização no cuidado e no atendimento aos que mais precisam.
A conversão passa-se primeiramente pela aceitação que há um pecado que impede a justiça para todos no campo da saúde pública, de que cada brasileiro é responsável pelo SUS (que pela lei é o melhor sistema de saúde do mundo) e que podemos, através de uma conscientização e de uma ação democrática, fazer um sistema mais justo para todos, a luz do Evangelho de Jesus.
É por este motivo que todos os cristãos são chamados a participarem desta campanha, já tão bem difundida ao longo dos anos, e que tanto bem já fez ao povo brasileiro. Por isso, participe na sua comunidade dos encontros de reflexão; leia o texto base; forme grupos de oração e reflexão; participe da celebração da Via Sacra sob o tema da Campanha. Até poderemos não conseguir muita coisa com isso, mas pelo menos não seremos omissos!