quinta-feira, 15 de março de 2012

No Coração da Cidade, um encontro com Cristo

 por João Madruga

 Rio de Janeiro, fevereiro de 2012.


 
Na semana do aniversário da Cidade Maravilhosa fizemos uma visitinha à Igreja da Nossa Senhora da Glória do Outeiro. A Igreja da Glória ocupa o mesmo local (então estratégico e à beira-mar) onde o Capitão-mor Estácio de Sá estabeleceu o domínio português na Baía da Guanabara em 20 de janeiro de 1567 contra os franceses. Pois desde sua fundação, em 1º de março de 1565, ele e seus companheiros permaneciam junto à entrada da baía entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar. Saboreamos um pouco da história, da arquitetura, da vista e, claro, da religiosidade que envolve mais esse importante templo carioca.

Saul, Wanúbio, Flávia (+ baby) e Madruga. Embarcamos no Obramóvel (carrinho branco do casal) no domingo de sol, inicialmente, para o Mosteiro de São Bento (missa solene). Como nos atrasamos, o Saul rapidamente puxou seu mega smartphone pra verificar que na Igreja da Glória ocorreria uma missa às 11:00h. Chegamos uns vinte minutinhos antes do término da missa anterior. Deu tempo de conhecermos o Plano Inclinado do Outeiro da Glória. O que é isso? Um funicular. Ainda em dúvida? Uma espécie de trenzinho que leva e traz transeuntes de e para o plano da Praia do Flamengo e do Outeiro. O trecho é curtíssimo (uns 30 metros), mas a altura compensa para quem está a pé. É gratuito, só não funciona segunda-feira e não tem vista nenhuma, mas interessante. São bem mais interessantes os funiculares da Igreja da Penha (Rio) e da Sacre Coeur (Paris). Mas Madrugas e crianças sempre gostam dessas novidades...

Voltando à Igreja da Glória, acabamos por participar da missa organizada por uma irmandade que eu desconhecia. Trata-se da Imperial Irmandade da Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Parece que, como o nome sugere, desde o Brasil-Império organiza e mantém as atividades da paróquia. Sua postura e paramentos levaram-me a refletir como é linda e diversa nossa Igreja. O Despojado e o Formal convivem em harmonia admirável. – claro que nós éramos os despojados, no caso - Pentecostal e Secular ganham respectivos espaços de manifestação. O celebrante, Pe. Sérgio Costa Couto (que, aliás, procedeu uma linda bênção às grávidas – só tinha uma: minha nega), aproveitou o domingo coincidente com a entrega do Oscar para evocar a Irmã Dolores Hart (única religiosa com direito a voto na Academia de Hollywood). Acontece que no auge do sucesso dessa atriz (que interpretou Irmã Clara em “Francisco de Assis”, entre outros filmes), abraçou o hábito beneditino. E neste ano é homenageada em um bonito documentário que conta, entre outras façanhas, a chegada da noviça no convento de limusine! E seu ex-noivo, que até hoje não se casou por sentir-se parte da vocação de ambos de dedicar suas vidas a Deus. Um bom começo de reflexão para um domingo quaresmal.

A missa seguiu com os empolgados acordes do organista Aloysio Rachid, que desde meados de 1983 presenteia os visitantes com peças clássicas nos momentos litúrgicos. Jesus – Alegria dos Homens, Magnificat e outras pérolas nos ambientavam com as características setecentistas dos azulejos, nave, coro e entalhes cuidadosamente trabalhados. Chamou-me a atenção, acima do Sacrário, o detalhe dourado representando Deus-Pai, ladeado por Sol e Lua, cada qual amparado por um respectivo anjo responsável pela alternância dos nossos dias e noites. Ao fim da missa fiz algumas perguntas para duas senhoras da Irmandade e nos dirigimos para o prédio da mesma. Uma falha: o museu (com visitação a R$ 2,00) não estava aberto. Exploramos um pouco o prédio e, quando o Saul queria integrar-se a um festim 0800 que os turistas ofereciam no prédio, achamos que era melhor sair pra almoçar. Lá embaixo, no Bairro do Catete pode-se optar imediatamente, à descida, pelo Amarelinho ou pelo Galeto à frente. Nesse dia quente só faltou mesmo uma prainha, mas um soninho à tarde já caiu muito bem. Nada mal para o primeiro domingo da Quaresma.

PS.: Para conhecer mais da história e arquitetura da Igreja da “Nossa Senhora da Glória do Outeiro”, pode-se ler mais no livro de mesmo  nome. Ed. Agir, do projeto Arte no Brasil, 1969. Consegui um exemplar (que já estou devolvendo) na mini Biblioteca Pública do Projeto Livro no Ponto, ao lado esquerdo da Estação das Barcas, na Praça XV.

















 








































































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