Em nossos dias, a ideia de Deus passa através das mais
variadas propostas religiosas que nos são sugeridas. Há quem sugira um Deus por
trás do balcão, disposto a realizar os sonhos de riqueza, poder, saúde, prosperidade,
isso tudo, mediante o pagamento antecipado de um valor proporcional de mercado.
É a tão conhecida “teologia da prosperidade”, que usa do nome de Deus como um
produto de mercado, Outros ainda, creem em um deus manipulável, sempre disposto
a resolver nossas pendências pessoais, castigando nossos inimigos, dando
solução aos nossos problemas, trazendo a pessoa amada em tantos dias... Outros
ainda, creem num Deus que se submete às nossas escolhas, feito à minha imagem e
semelhança, que se adequa ao meu modo de viver e agir, que não me desinstala,
que não me obriga a rever meu modo de vida, que não me questiona.
Para nós vale a mesma pergunta que Jesus fez aos
Apóstolos: “Quem dizem os homens que eu sou?” Naquele tempo, a ideia do Messias
também havia sido adulterada. Muitos o identificavam com um chefe político, um
líder das massas, capaz de arrastar multidões e restaurar a independência
política de Israel frente aos romanos. Foi por isso que Jesus foi tão duro com
Pedro, chamando-o de Satanás, expressão que nem a Judas havia aplicado, numa
evidente lição: o caminho escolhido por Jesus não é o do privilégio, da fama,
da prosperidade irresponsável, do poder e das tentações que Satanás já lhe havia
acenado no deserto. Seu caminho passa pelo amor que doa, que se entrega até a
morte.
É esta a mensagem que João Paulo II transmitia aos jovens
nas Jornadas Mundiais da Juventude. A uma geração consumista e hedonista, que
cultua o prazer como um deus, e mede o grau de felicidade pelas etiquetas dos
bens consumidos, um Papa de saúde debilitada lhes anuncia uma mensagem que vai
na contra-mão dos falsos valores; que tem coragem de falar de verdades que não
agradam e, para muitos, fora de moda. E foi no rosto deste Papa, por mais de
uma década eleito a personalidade mais amada dos jovens europeus, que a geração
Wojtyla aprendeu quem de verdade é Jesus.
Arquidiocese do Rio de Janeiro